Valdo do Calçamento |
Terra da liberdade
Por Valdo do Calçamento
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Histórias da política palmarina:
Em União, saíram “Os Caras Pretas” e hoje, a grande maioria dos políticos da nossa cidade são “Caras Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem formação política, sem compromisso e SEM VERGONHA NA CARA.
Quando assumiram o poder em 1964, os militares para
restringir as articulações políticas da oposição, extinguiram o
pluripartidarismo, em 1965, pelo ATO INSTITUCIONAL NÚMERO DOIS e ATO
COMPLEMENTAR NÚMERO QUATRO, estabelecendo o Bipartidarismo no Brasil, deixando
os outros partidos na ilegalidade,
Foi então que surgiram a ARENA (Aliança Renovadora Nacional)
e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partidos que definiam a situação e
a oposição.
Em União, como em outras cidades; esses dois partidos eram muito
bem divididos. A Arena tinha a mão forte dos militares e a subserviência dos
seus filiados em troca dos benefícios do poder. Enquanto o MDB era determinado
pelos inconformados com o poderio da situação. Os oposicionistas.
Na nossa cidade esta situação dividia amigos e familiares,
numa guerra política desastrosa e inconsequente.
Na minha infância, ficou bastante evidente esta divisão
através das famílias Gomes de Barros na ARENA e os Vergeti no MDB. Isto era uma
loucura! Esses Grupos faziam com que a população se dividisse e se enfrentassem
no campo das discussões políticas e até no braço mesmo. Na verdade este vínculo
com as famílias eram tão fortes que sobrepunha à questão ideológica.
A questão social ficava prejudicada por esta divisão, pois a
separação da sociedade palmarina era explicita, ou seja; que estava em um lado
não poderia se relacionar com o outro. As amizades e até os casamentos, era de
bom gosto se fosse entre os partidários. Quem não era do mesmo partido era
chamado de “CARA PRETA”.
No período das campanhas políticas era um inferno, as pessoas
se tornavam inimigas. Os carros de sons que anunciavam os comícios e que
vendiam o “peixe” do seu partido convidavam os correligionários para uma noite
de promessas, que geralmente nunca eram cumpridas. Os comícios era o termômetro
das campanhas. A quantidade de pessoas nos comícios demostrava a força e a
capacidade de aglutinação e de mobilização, dos candidatos e do partido. O
comício virava um grande acontecimento. Geralmente o palanque era um caminhão,
que ficava carregado de gente; com alguns autofalantes amarrados em caibros,
para o som alcançar a maior distância possível e o eleitor pudesse ouvir as
promessas dos candidatos.
Durante o dia era uma verdadeira agonia para a população. A
poluição sonora era terrível e com músicas mal arranjadas e de péssima
qualidade. Em uma rua passava um carro de som com a música: “É Mano, é Mano, é
Mono; é Mano sim senhor...”; na outra: “Afrânio Vergeti, candidato a prefeito,
vote nele eleitor; dessa vez União toma jeito”; eles passaram pela prefeitura
de União e até agora a nossa cidade continua sem jeito.
Hoje com a pluralidade partidária, na nossa cidade, ainda tem
gente que nunca deixou de acompanhar seus candidatos, em troca de empregos ou
benefícios destes, quando eles chegarem ao poder. Agora a troca de partido
virou moda. Todos os políticos estão arrumando em jeitinho de levar vantagem
com a troca partidária.
Em União, saíram “Os Caras Pretas” e hoje, a grande maioria
dos políticos da nossa cidade são “Caras Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem
formação política, sem compromisso e SEM VERGONHA NA CARA.
Lembranças do passado, Por Joaquim Maria.
Leia também:
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Movimento União Pela Paz. Foto JP |
Em 27 de fevereiro de 2012 um grupo de jovens, insatisfeitos com o alto índice de violência, se mobilizaram cobrando iniciativas do governo a fim de coibir o crescente número de assassinatos na terra da liberdade. Foram 30 dias de caminhadas, manifestos e protestos frente aos poderes constituídos de nosso município. O resultado levou a construção de um Termo de Conduta – TAC entre o Estado e município, que culminou com o recuo da violência e mortes em União e região. 👏👏👏
Sinto falta desse ativismo da juventude! Hoje tudo se dar por traz das telas dos celulares!
É lamentável.
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Serra da Barriga Foto: NM Poesia: Jorge de Lima |
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve, de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa, de argolas, de cantos, de quilombos!
.
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!
.
Serra da Barriga, buchuda, redonda, do jeito de mama, de anca, de ventre de
negra!
Mundaú de lambeu! Mundaú te lambeu!
Cadê teus bumbuns, teus sambas, teus jongos?
Serra da Barriga!
Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga, cheirando a maconha, cheirando a
liamba?
.
Os teus meios-dias: tibum nos peraus!
Tibum nas lagoas!
.
Pixains que saem secos, cobrindo sovacos de sucupira, barrigas de baraúna!
Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu!
De noite: tantãs, curros-curros e numba, batuques e baques!
E bumbas!
E cucas: ôô!
E bantos: êê!
Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos!
Aqui é Zumbi!
Barriga da África!
Serra da minha terra!
Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi!
Depois, minha serra, tu desabando, caindo, levando nos braços Zumbi!
.
"JORGE DE LIMA"
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Imagem de câmaras de monitoramento do centro da cidade |