Só de anuidades a seccional da Ordem
dos Advogados do Brasil em Alagoas angaria quase R$ 5 milhões por ano. Sedes da
entidade no interior vivem quase abandonadas e assistência a seus membros é
precária
Quase
5 milhões em anuidades, um orçamento que dividido por 12 - como nas prefeituras
- equivale a um montante de quase 500 mil reais mensais, afora outras receitas
destinadas à Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas.
Esse seria um dos principais
motivos da “briga de cachorro grande” pelo controle da instituição advocatícia
em Alagoas, que este ano chega a ter cinco candidatos na disputa.
A torca de farpas -
especialmente nos bastidores e nas redes sociais - começou amena, porém ao
passar do tempo, na campanha, ganhou ares e proporções maiores, culminando na
denúncia feita por um dos concorrentes à presidência seccional da OAB, o
advogado criminalista Welton Roberto, que foi a Polícia Federal pedir
intervenção na direção atual da Ordem dos Advogados em Alagoas, encabeçada pelo
procurador Omar Coelho, pela suposta “compra de votos”, através do pagamento de
anuidades, de advogados que estão inadimplentes com a instituição.
Omar Coelho tem como candidata
de preferência a sua sucessão, a sua vice-presidente Rachel Cabus, que enfrenta
mais três dissidentes (Marcelo Brabo, Welton Roberto e Tiago Bomfim) e
apenas uma candidata caracterizada verdadeiramente como oposição que é a
procuradora de estado, a palmeirense Cláudia Amaral, mas que segundo analistas
de plantão, não tem maiores chances de vitória.
Orçamento de prefeitura
Nenhum cargo de direção na OAB
é remunerado. Nem na seccional, tampouco nas subseccionais. A briga é pelo
“status” que o cargo oferece a seu detentor. Porém, administrar um orçamento
milionário - equivalente a de algumas prefeituras - pode dar a seu gestor
outras benesses.
E é aí que advogados - que
preferem não se identificar disseram à reportagem, que “estaria o alvo da
cobiça de muitos advogados pelo controle das finanças da Ordem dos Advogados do
Brasil”.
Além disso, dizem estes
advogados que “é a OAB uma espécie de trampolim para angariar as grandes causas
e para ocupar cargos de relevo, tanto na esfera política, como jurídica”.
Pagamento de anuidades
O candidato à presidência da
OAB-AL Welton Roberto entregou à Polícia Federal a gravação em áudio que
comprovaria um suposto esquema de compra de votos. Além do pedido de
investigação, Roberto quer a impugnação da chapa “OAB Para Todos”, encabeçada
por Rachel Cabús Moreira, a intervenção do Conselho Federal em Alagoas e o
afastamento de toda diretoria estadual.
Welton disse que recebeu em seu
comitê uma gravação na qual estavam reunidos o presidente da Comissão Nacional
de Combate à Corrupção, Paulo Brêda, vice de Rachel, o procurador do Estado,
Marcelo Teixeira, o desembargador eleitoral Fernando Maciel, o candidato a
desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Adriano Avelino; o
presidente da Ordem Omar Coêlho de Mello e sua vice Rachel Cabús.
No áudio, eles negociam o
pagamento de anuidades dos advogados inadimplentes com a OAB, aproximadamente
2.100 filiados - como moeda de troca por votos.
O áudio da conversa foi
publicado nos sites alagoanos e há um trecho da gravação na qual Omar Coelho
teria se referido ao pagamento das anuidades como um “saco de dinheiro”,
afirmando que “a gente chegou a pagar cinco mil por voto”.
A declaração poderia indicar
pagamento de várias anuidades por filiado.
Por ano, cada advogado filiado a OAB em
Alagoas tem que pagar R$ 600,00. São mais de 8 mil isncritos atuando em
Alagoas.
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