Analisar atentamente
os artigos de apoio e esboçar um esquema do texto antes de iniciar a redação
ajudam a manter o foco na prova dissertativa
A segunda competência avaliada pelo
Enem verifica se o aluno sabe o que é um texto dissertativo-argumentativo e se
ele entendeu o tema que lhe foi proposto. Tratar do assunto apresentado pela
prova parece uma tarefa óbvia, mas muitos estudantes se desviam dela – ou, na
linguagem dos próprios candidatos, "fogem do tema".
A primeira orientação dos professores
para evitar um desastre (inadequação ao tema proposto rende nota zero, vale
lembrar) é tão simples quanto eficiente: "É imprescindível ler atentamente
todos os textos de apoio da redação", diz Roseli Braff, coordenadora de
língua portuguesa do Sistema COC de Ensino. Com cinco horas e trinta minutos
para resolver 90 questões e produzir uma redação, há alunos que se desesperam e
acabam deixando os textos de apoio de lado, concentrando-se apenas no enunciado
da proposta de redação. É um erro.
"A prova de redação não avalia
somente a escrita, avalia também a leitura", diz Eclícia Pereira,
coordenadora de redação do Cursinho da Poli. "Por meio dos argumentos
apresentados nos textos de apoio, o corretor vai perceber se a leitura foi
feita de maneira superficial ou se o estudante foi capaz de compreender as
informações principais."
É fácil perceber quando o estudante
foge da proposta. Por exemplo: o examinador propõe um texto que trate dos
possíveis efeitos da Copa do Mundo de 2014 para a sociedade brasileira. Na hora
de redigir, contudo, em meio ao nervosismo, o aluno se confunde e acaba falando
sobre a importância dos Jogos Olímpicos de 2016. Não há salvação: a nota é
zero.
Tangenciar o tema proposto também é
prejudicial. Isto é, abordá-lo superficialmente ou em parte. Em 2011, a redação
do Enem pedia que o candidato escrevesse sobre "Viver em rede no século
21: os limites entre o público e o privado". Nesse caso, tangenciar o tema
significa dissertar sobre outros aspectos ligados à tecnologia, como inclusão
digital e interação entre as pessoas na rede, sem discutir a fundo a questão da
privacidade.
Para aprimorar o desempenho na
redação, professores ouvidos por VEJA.com oferecem duas orientações
fundamentais: considerar todos os elementos da proposta e esboçar um esquema
para o texto antes de começar a escrever.
Confira na lista a seguir:
O professor Francisco Platão,
supervisor de língua portuguesa do Anglo Vestibulares, afirma que grande parte
dos alunos incorre em dois erros: realiza uma leitura incompleta dos textos de
apoio e da proposta ou se concentra em apenas um dos itens pedidos. Para
exemplificar a questão, o professor utiliza o tema dado na redação da Fuvest em
1989. A prova trazia um trecho do poema Mar Português, de Fernando Pessoa, e
pedia a seguinte relação: "Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.
Discuta as ideias contidas nos versos
acima, confrontando-as com o momento que vivemos hoje no Brasil."
Explicação do professor:
Segundo o professor, os versos
"Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena" roubaram a atenção de
muitos candidatos, fazendo-os ignorar a segunda parte da apresentação – que
pedia uma reflexão sobre o Brasil de então. Por isso, diversos textos
discorreram erroneamente sobre o conceito de carpe diem (viva o hoje), a
importância de se valorizar a vida, minimizando preocupações passadas e
futuras. "Era preciso uma redação que deixasse claro que a vida somente
vale a pena se for abandonada a mesquinharia humana", afirma Platão.
Solução do professor:
O aluno atenderia à segunda parte da
proposta se relacionasse a ideia dos versos, por exemplo, com a atividade política
do Brasil. Isso porque muitas pessoas se valem da avareza na busca pelo lucro
imediato.
Como não fugir do tema:
"Não se prenda somente ao trecho
que chama mais atenção no texto. Amplie o olhar e tenha certeza de que está
levando em consideração o conjunto das informações oferecidas pelo
examinador."
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/veja-lanca-microcurso-de-redacao-para-o-enem
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