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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carta Sem Título.



Eu não te peço desculpas por ser como eu sou.
Só te peço paciência, caso queira chegar ao eu despido das roupas que lentamente tiro do seu corpo com palavras. Será que quer? A dúvida é um veneno de lentidão cruel, e eu sou desses que sempre desconfia que haja uma nota de ironia escondida nas sonoras gargalhadas do futuro. Você é dessas que nasceram sabendo tudo o que eu passo os dias tentando aprender desajeitadamente, perdido em quimeras distantes e pensando em rimas para o seu nome. E ao procurar seu erro, me deparo somente com minha própria fraqueza por não conseguir identificá-lo, pois sei que deve existir, mas onde?

 Sou só um menino que descobriu o mundo em um livro. E agora estou descobrindo o que está sob meus pés e ao alcance das minhas mãos; e você ainda não está. Como marinheiro ao avistar a terra distante, te vejo. Já não posso ignorar sua existência, e nem partir de volta para o mar sabendo que deixo para trás o solo onde nenhum homem se aventurou da maneira como eu sei que posso me aventurar. E pouco me resta senão consagrar-me à fascinação que trai minhas tentativas de encobrir o domínio que você exerce sobre mim.

Se essas histórias de destino existir de fato, não devo me preocupar, pois aí, você me encontraria até parado.
Mas eu te mereceria, se não houvesse te procurado?

Texto de: Lucas Montenegro.
http://www.josemariacosta.com/

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