Eu não te
peço desculpas por ser como eu sou.
Só te peço paciência, caso queira chegar ao eu
despido das roupas que lentamente tiro do seu corpo com palavras. Será que
quer? A dúvida é um veneno de lentidão cruel, e eu sou desses que sempre desconfia
que haja uma nota de ironia escondida nas sonoras gargalhadas do futuro. Você é
dessas que nasceram sabendo tudo o que eu passo os dias tentando aprender
desajeitadamente, perdido em quimeras distantes e pensando em rimas para o seu
nome. E ao procurar seu erro, me deparo somente com minha própria fraqueza por
não conseguir identificá-lo, pois sei que deve existir, mas onde?
Sou só um menino que descobriu o mundo em um
livro. E agora estou descobrindo o que está sob meus pés e ao alcance das
minhas mãos; e você ainda não está. Como marinheiro ao avistar a terra
distante, te vejo. Já não posso ignorar sua existência, e nem partir de volta
para o mar sabendo que deixo para trás o solo onde nenhum homem se aventurou da
maneira como eu sei que posso me aventurar. E pouco me resta senão consagrar-me
à fascinação que trai minhas tentativas de encobrir o domínio que você exerce
sobre mim.
Se essas
histórias de destino existir de fato, não devo me preocupar, pois aí, você me
encontraria até parado.
Mas eu te
mereceria, se não houvesse te procurado?
Texto
de: Lucas Montenegro.
http://www.josemariacosta.com/
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