Lembranças do Passado...
Por Joaquim Maria
Foto Tony Lima |
Falar da grandiosidade da Festa de Santa Maria Madalena,
muita gente já falou. Mas neste momento não quero falar da procissão do mastro,
nem da procissão da bandeira e nem da procissão das imagens; mas sim falar de
uma festa na visão de alguns garotos, sem muita maldade e ainda despertando
para um mundo que seria o dele futuramente e como as coisas mais simples da
festa, eram bastante valiosas para eles. Esse era o sentimento de todos os meninos
e meninas de uma época, não muito distante; mas de grande importância na vida
de cada um que viveu a festa.
No meu caso, o meu fascínio pela festa começava com a chegada
dos brinquedos. A roda gigante, os cavalinhos, as patinhas, os barcos e outros
tantos que toda a garotada gostava. Mas havia outros atrativos que compunham a
festa, como os quitutes e os manjares. Os cachorros quentes bem temperados,
colocado numa rodela de pão francês; pois se fosse colocado no pão inteiro
talvez não tivesse aquele especial sabor. Os roletes de cana, feitos na hora. O
caldo de cana. Os rosários de coco. E a maçã do amor? Tão doce e pegajosa mais
de um sabor irresistível. Caixas de uvas roxas empilhadas uma sobre as outras eram
compradas e consumidas vorazmente pelos frequentadores dos festejos! Esses
sabores; ainda guardo comigo. Parece gravado na minha memória e no meu paladar,
pois quando penso nessas delícias, a boca se enche de água.
E na praça ao som dos auto falantes, a paquera corria solta. “Telegramas
falados” lidos pelos locutores oficiais da festa. Cada telegrama era pago e
sempre endereçado para alguém com o intuito de um flerte ou de tirar um “sarro”
da cara do outro. “Prezado locutor, peço que rode esta música para oferecer...”
Era sempre o mesmo começo. Toda festa acontecia sem bandas profissionais.
Quem era nascido em União, mesmo estando fora; como ainda
acontece hoje em dia, vinha sempre participar da festa da padroeira. Encontros
entre as famílias, quermesse, bingos todas as noites; leilão de animais e aves
doados pela comunidade. Arrematavam-se galinhas e perus assados que eram logo
consumidos ali mesmo, com cervejas ou refrigerantes. Mesas e bancos de madeira
bruta, com uma toalha, notadamente sem nenhum conforto; eram colocados à
disposição da população para a sua acomodação na praça.
Foi um tempo onde a simplicidade era a tônica da festa. Onde
o aconchego e a confraternização entre as famílias era o que existia de mais
importante. A grandeza do evento todo. As missas, a participação maciça do povo,
na devoção a sua padroeira. Era tudo muito lindo.
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