Páginas

sábado, 3 de agosto de 2013

MACUMBA NA RUA DA CACHOEIRA

Por Joaquim Maria

Foto da internet

Rua Frei João ou simplesmente Rua da Cachoeira, de qual a cachoeira tiraram o nome do logradouro, não tenho o conhecimento; mas há tempos era conhecida pelos terreiros de candomblé, onde os repiques dos atabaques eram ouvidos, principalmente nas noites sextas-feiras.

E era nesse clima de som afro que a nossa turma, em algumas noites, ia tomar “retetéu”, uma mistura de vinho, aguardente, canela e mel, nos terreiros de macumba daquela rua. Na verdade nós não tínhamos nenhum praticante da religião, a nossa ida ao terreiro era uma espécie de diversão e/ou uma confraternização entre pessoas.
Nós gostávamos do clima, podemos dizer assim, um tanto emblemático para o nosso conhecimento à época e dos sons que eram executados nas timbras.  Necessariamente sempre um de nós assumia o controle de algum instrumento percussivo, o que nos envaidecia muito, o fato de saber tocar e conhecer alguns ritmos que fazem parte do batuque do candomblé, enquanto os participantes dançavam numa coreografia contorcionistas, soltando alguns gritos incompreensíveis, gingando os seus corpos freneticamente. 

Chegávamos a perceber que a nossa presença já era esperada pelos os participantes efetivos do rito, parecia que com a nossa chegada o clima esquentava, pois além do inusitado “retetéu”, havia sempre um grande consumo de cervejas e comidas.

Mas a nossa presença na casa era quase sempre por pouco tempo, pois ainda precisávamos terminar o nosso tour “sextiano” pelas espaças festa que acontecia na nossa cidade; ou até mesmo em mais uma rodada de cervejas, nas boates ou no bar com o maior número de frequentadores daquela noite, de preferencia o que estavam mais cheio de garotas.

A Rua da Cachoeira é bastante conhecida em nossa cidade onde ainda hoje, residem famílias tradicionais, que mesmo com o preconceito, principalmente naquela época, nunca deixaram de morar lá e respeitar a religiosidade das outras pessoas.
Hoje, quando nos encontramos, lembramo-nos das noites de sons, gingas e muita alegria na macumba da cachoeira.

SARAVÁ!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POR MEDIDA DE SEGURANÇA, NÃO ACEITAMOS COMETÁRIOS ANÔNIMOS.