Lembranças do
passado...
Por Joaquim Maria
Na minha infância, eu me dedicava aos estudos e costumava passar
meu tempo livre, na Avenida Monsenhor Clóvis Duarte, principal artéria de União
dos Palmares, em companhia dos amigos. Nesse tempo a nossa maior diversão era
ficar azarando as meninas que passava por aquele logradouro.
Tudo acontecia ali. Era uma festa um fim de semana na
avenida. Quem saía de casa e caso a mãe perguntasse onde o filho ou a filha estava
indo, a resposta vinha de imediato: “avenida”. Acho que até hoje é assim.
É um lugar democrático onde as famílias costumavam passear,
mas era predominantemente um lugar de jovens. Se você quisesse está por dentro
das notícias ou “ser” a mesma, era só frequentar o lugar.
Na avenida encontrávamos pessoas interessantes e frequentadores
assíduos, como Messias, mais conhecidos por “papa cachorro”; apelido colocado
pelas pessoas, por ele está sempre na companhia desses animais.
Messias, todo mundo em União conhecia. Era sujeito moreno, de
estatura mediana, aparentemente sem família, morador de rua, que sofria das
“faculdades mentais” e que também frequentava a tão famosa avenida. Ele viva à
base de remédios, gargalhando pela cidade, quase sempre sujo, rodeado pelos
seus amigos caninos.
Quando Messias passava e alguém gritava “papa cachorro”, logo
era abordado pelo furioso sujeito e desafiado à briga. “Tá debochando de mim,
cachorrinho?!” Era a mesma indagação. Em alguns momentos, Messias
partia para a agressão física com pedras e/ou paus.
Mas mesmo neste momento quando alguém partia pra cima dele,
fingindo que iria dá-lhe uma surra; ele se esquivava e saía de fininho; sempre
resmungando e dizendo palavras às vezes incompreensíveis. Apesar da zombaria,
era tudo muito engraçado.
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