Lembranças do passado
Por Joaquim Maria
De rio caudaloso e limpo a um depósito de esgotos e detritos
provenientes das casas e da agroindústria canavieira; hoje o nosso Rio Mundaú
se convalesce, destinado a morrer pelo abandono e a ganância dos homens.
O rio nasce na cidade
de Garanhuns no vizinho estado de Pernambuco e em Rocha Cavalcante, recebe as
águas do Rio Canhoto, que banha a cidade de São José da Laje e segue seu
martírio até desaguar na lagoa de mesmo nome, na nossa capital.
Tenho lembranças dos
passeios, banhos e pescaria nas águas límpidas do nosso Mundaú. Nas suas
margens, a mata ciliar servia de proteção. Tinha árvores nativas como a ingazeira;
pois além de dá os seus frutos; uma vargem que contém uma polpa, de textura
macia, envolta numa semente; branca e de uma doçura inigualável; e que também
bondosamente nos cedia a sua sobra, para nos livrar dos raios mais quentes do
sol.
O povo se servia das
águas do nosso rio para os momentos de lazer. Nos fins de semana muitas pessoas
chegavam à beira do rio. Era um verdadeiro mar na nossa cidade de tão grande
que era o volume de água. Quase embaixo da ponte, próximo ao centro da cidade,
tinha a pedra do jacaré; aonde a maioria das pessoas iam se banhar. Na época
mais seca, os colegas jogavam bola no “areião”, ilha que se formava no meio do
rio, o que era um privilégio para a garotada da Rua da Ponte e Jatobá; os
maiores freqüentadores do campinho improvisado de verão. Mesmo assim, na seca;
a água continuava a correr forte e veloz por toda a extensão do rio.
Tomei muitos banhos na
Terra Cavada, Ilhota, Cabral, no Choque, nomes de algumas praias do nosso velho
rio.
Outro fato importante
era a quantidade de peixes e crustáceos que existia no Mundaú. Tinha acaris,
piabas, jundiás, carás, traíras, camarões, pitus; que era uma espécie de
camarão de grande porte e de casca mais resistente, sendo um dos pratos mais
requisitados e caros da culinária ribeirinha. Atualmente os peixes praticamente
acabaram.
Muitas famílias da
nossa cidade tiravam o seu sustento das águas do grande rio, com a venda e o consumo
dos peixes.
Infelizmente o Rio Mundaú está morrendo. Já
não tem a mesma força de outrora. A
poluição tomou conta daquele que era o berço de vida e também de lazer para o
povo palmarino.
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