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sábado, 14 de dezembro de 2013

Brincadeiras de Criança

Lembranças do passado...
Por Joaquim Maria


Na minha infância, os recursos financeiros da família eram poucos. Nós vivíamos com o pequeno salário que o meu pai ganhava no trabalho no comércio. Estudávamos em escolas públicas e os brinquedos, que toda criança gostaria de ter, era resumido em poucas opções; como bolas para os meninos e bonecas para as meninas.  O que era raro, pois a prioridade era a alimentação e s contas mensais como água, luz, etc.

Na verdade as crianças daquela época e que moravam em cidades do interior, eram levadas à criatividade devido à falta de condições financeiras dos pais. Por isso a inventividade de cada criança e capacidade de imaginação era muito importante.

Muitos criavam carrinhos de madeira, com rodas também de madeira coberta com uma fina camada de borracha, A cabine era de lata de óleo de soja e as molas do mesmo material da cabine. Era tudo muito bem projetado. Na frente do carrinho ficava o cordão para ser puxado. A velocidade, esta sim, dependia de cada condutor quando havia algum desafio para uma corrida. A estrada de terra batida da minha rua era um prato cheio para os capotamentos, sem nenhuma gravidade é claro.

Na mesma rua, quem não conseguia construir um carro, teria que achar outra opção para se divertir. Um ferro de uns 30 cm e pontiagudo, servia para a meninada brincar de triângulo, fazendo marcas no chão. Brincávamos com pião, feitos da madeira da goiabeira. Era melhor e produzia um som peculiar quando estava rodando, o que era um diferencial de qualidade. Toda brincadeira tinha as suas regras. Um recipiente de água sanitária, cheio de areia e puxado por uma cordinha também se transformava em um carro.  Cavalos de pau eram feitos de cabos de vassouras. Tinha bolas de gude.
Mas o que eu e a maioria dos meninos gostávamos, eram as bolas das marcas Canarinho ou Pelé. As bolas Dente de Leite eram mais pesadas e mais caras. Quando elas furavam nas cercas de arames farpados ou em espinhos, sempre havia um jeitinho de consertar as mesmas, aquecendo uma faca no fogo e passando suavemente, espalhando um pequeno pedaço de plástico de outra bola que já tinha virado sucata e só servia para este emprego. Feito o reparo, era hora de começar a pelada de novo.As bolas também serviam para, tanto as meninas como os meninos, brincarem de “queimado”.

Material esportivo naquela época era difícil. Comecei a participar na Escolinha de Futebol do Sr. João Ferreira, no campo da Rua Nova. Treinávamos e jogávamos descalços. Só comecei a jogar com chuteiras depois dos 15 anos. As chuteiras eram feitas pelo Sr. Jorge Peixoto. De couro duro e rústico, fazia muito calos nos pés.  Parecia uma bota e com os cravos feitos de sola. Mas apesar de tudo, era uma grande satisfação jogar calçado.


As meninas acalentavam suas bonecas de plástico nos braços, que geralmente eram compradas sem roupas. Por este motivo, as mães ou até alguma menina, confeccionavam as roupinhas das “calungas”, como eram chamadas as bonecas na minha região. Também brincavam de cantiga de roda... “Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão...”, “Atirei o pau no gato, tô, tô, mas o gato não morreureu, reu...”. Eram muitas cantigas.

Hoje, a possibilidade e a facilidade em adquirir um brinquedo e com o preço acessível é muito grande. Naquela época era preciso ser muito criativo.


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