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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Seleção ou sucessão

Por Luciano Pires



Durante a Copa, somos bombardeados pela mídia falando dos convocados e do esquema de jogo. Milhares de páginas e horas discutem o plano do treinador, as estratégias e táticas, as ameaças e oportunidades e os competidores. Afinal, tem coisa mais importante que ganhar a Copa? Tem.

Na campanha presidencial, assistimos aos discursos, a propaganda televisiva e a lenga-lenga de sempre de três ou quatro candidatos com chances de assumir a direção do Esporte Clube Brasil S.A. E o que discutimos?

Qual marqueteiro levaria vantagem, qual campanha televisiva seria a mais criativa, os novos ternos do candidato A, a antipatia do candidato B, o falatório do C, a mulher do B. Discutimos os acessórios. O principal, os programas, as propostas concretas para dar continuidade ao crescimento do país, ficam em segundo plano.

Se discutíssemos a sucessão como discutimos a Seleção, com certeza teríamos mais inteligência, valor e consequência. Mas parece que a Seleção é mais importante que a sucessão.

Essa discussão vazia cria os analfabetos políticos, gente que se orgulha de dizer que não gosta de política, que não vai votar “nisso que está aí”, votando em branco ou anulando. Ou simplesmente não votando. Uma espécie de protesto burro, que coloca nas mãos de terceiros seu próprio destino.

Tenho notado no Brasil uma profunda ignorância sobre o que vem a ser política. Como faz com todos os problemas complexos, inclusive com o esquema tático da Seleção, o brasileiro simplifica. Reduz política a troca de favores, a conchavos, a coisa de gente desonesta disposta a tirar vantagens pessoais...

E tudo passa a ser “sempre assim...” e vira piada. E quem vota sem analisar propostas, apenas interessado em benefícios imediatos ou no discurso “bonito” dos candidatos, é o que? Semi-analfabeto político!

Pois tenho uma má notícia. Nosso destino está nas mãos de alguns milhões de semi-analfabetos políticos! Alguém duvida?

Essa constatação me leva a uma súplica: que os meios de comunicação de massa que hoje discutem o acessório, iniciem um processo de alfabetização política. Ainda há tempo {...}.



Este texto faz parte do livro Brasileiros Pocotó, foi escrito 12 anos atrás, durante a Copa do Mundo de 2002 por Luciano Pires.

Fonte: café Brasil

Um comentário:

  1. Gostei do texto e da analogias...

    Meus caros, tudo são farinha do mesmo saco. Somente existem dois partidos neste País dos Bananas... O que está lá em cima e, os que estão querendo comer lá em cima. Ainda tens dúvidas ????

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