Por José Minervino
Neto
Medo. Está difícil
até de respirar em Alagoas. Seja na capital ou no interior. A violência nos obriga a olhar,
olhar e olhar várias vezes antes de atravessar a rua. Um cara mal pode vir de
surpresa, sacar uma arma e levar, além de nossos pertences, a vida.
Já se foi o tempo em
que dormíamos de portas abertas no verão por conta do calor. Hoje, compramos
condicionadores de ar. E portões enormes. E aumentamos o muro, colocamos cerca
elétrica e cachorro brabo. Não adianta. O jeito é contar com a sorte. Ou com a
esperteza ingênua de dar um trocado ao marginal para mais tarde ele não levar
tudo. É uma realidade estranha, onde quem deveria estar preso é livre.
Enquanto isso, na
periferia, mães rezam, rezam, rezam.
Alagoas, esse
paraíso das águas, vai se colorindo de vermelho púrpura a cada dia nas folhas
de jornal e telas de computadores e tv's.
Enquanto isso, no
Palácio, o governador bebe seu uísque importado, longe dos ruídos e do calor.
A mídia alardeia os
números.
Enquanto isso,
silêncio no Palácio.
Jovens, negros em
sua maioria, são assassinados todos os dias.
Pessoas morrem nos
hospitais sem atendimento.
Meninos e meninas
sem escola digna.
Enquanto isso,
silêncio, silêncio, silêncio... no Palácio. Não! Ouve-se um tin-tin!
Onde está o
Superman? Batman, você está atrasado!
Cuidado, motoristas,
vocês estão numa rodovia esburacada e sem sinalização, a AL Perigo.
As minhas Alagoas
são outras, não custa nada repetir, né, Jorge?
Vale muito a pena
ler este artigo da revista Piauí: Engolfado pela violência, de Plínio Fraga,
que, ao contrário desse meu desabafo pueril, faz uma baita crítica à política
de Alagoas e todo o seu retrocesso.
Fonte: Blog 10 inquietos
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