Se palmarino fosse, tenho certeza que o tropicalista Caetano Veloso cantaria, à luz dos recentes acontecimentos, a seguinte fina ironia:
"O Iraque é aqui... Bomba! Pra balançar isso aqui é bomba! Dói, uma bombinha não dói..."
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Carlos Correia |
Não há contentamento nenhum neste cantar ou em meu texto. Não advogo a favor de A ou B, lamento apenas a radicalização do processo político em União dos Palmares que, infelizmente, nos faz lembrar do velho coronelismo político engendrado na “casa grande” e das ameaças que ele representa para a nossa cidade.
O gatilho destas considerações é o áudio divulgado pela Gazeta de Alagoas que deixou bem claro os meandros das estratégias de perpetuação do controle sobre a “galinha dos ovos de ouro” [aos desavisados, queira ler o Governo Municipal] da parte dos atuais donos do poder palmarino. Tais diálogos me fizeram pensar irremediavelmente nos ensinamentos de Foucault e no seu compromisso em compreender o meio social em que vivemos enquanto um jogo complexo em busca de poder. De fato, a palavra de ordem é Poder, por isso, irei tratá-la neste texto, assim, no absoluto.
Obviamente, não condeno a luta pelo Poder em si, pois se trata de algo que surge das relações humanas, sendo uma constante histórica. O que está em discussão são os meios e os fins que não podem mais, em tempos democráticos, serem tão maquiavélicos quanto os que parecem ser os envolvidos no jogo político de União dos Palmares.
Em primeiro lugar, acredito que, enquanto cidadãos, não exigimos “amores” da parte de ninguém, muito menos de um possível futuro prefeito da cidade. Por outro lado, não aceitamos o desprezo nem o eventual sacrifício de nos governar pura e simplesmente em nome do Poder. Não, não quero pagar uma conta tão alta assim, meu senhor!
O queremos é o de sempre: saúde, educação, segurança, trabalho e cada vez mais um cuidado atencioso para com o meio ambiente. É isso, nada mais. Não queremos seus atentados, nem os seus favores oftalmológicos [“a gente faz um favor, um óculos”, ouvimos no áudio citado], mas, se for possível, assuma um compromisso, mude de lado, que o velho coronelismo político das porteiras não é capaz de nos oferecer o que realmente necessitamos: um tecido social que nos sirva de base para seguirmos em frente.
E para finalizar, vejamos as manchetes que motivam este texto. Em 12 de setembro de 2011...
... E na madrugada do dia seguinte:
A reflexão está posta. Ameaças travestidas de futuro nos assombram. Espero, sinceramente, que você seja capaz de resistir ao jogo de interesses mesquinhos em curso, não se corrompendo, nem condenando a nossa cidade ao atraso.