É véspera de
Carnaval e Maceió vai se esvaziando, para se transformar na capital do
silêncio, em pleno período de frevo. É muito estranho isso. As pessoas vão
deixando para traz a sua cultura, as tradições e a cada dia os jovens vão
conhecendo menos, se ‘emburrecendo’, ouvindo aquelas músicas que escutam o ano
todo.
As
marchinhas de Carnaval,os sambas-enredos, os frevos e outras manifestações da
cultura vão se restringindo a outros estados, menos o nosso. Quinta-feira, um
grupo de ativistas culturais, acompanhados da vereadora Heloísa Helena, se
reuniu para discutir o Carnaval de Maceió e o seu resgate. Tomara que consigam.
Estou
desanimada hoje, em plena sexta-feira em que muitos lugares já há muito frevo
no pé. Penso nas minhas responsabilidades, no meu endividamento financeiro, na
bagunça financeira que é a minha vida.
Preciso me
estruturar, olho à minha volta, nos quatro cantos e procuro uma solução para
tudo isso. “Deixa as águas rolar”, aconselha a marchinha de Carnaval que toca
na escolinha ‘O Pequeno Príncipe’, em Jaraguá, em sua matinê para as crianças.
O ônibus vai
passando bem em frente ao local e de repente lá vou eu me reportando à minha
infância carnavalesca, em que tenho a minha tia Ozória, de saudosa memória,
como principal protagonista desse enredo.
Nessas horas
ela é muito presente em minha vida. Foi a responsável no gosto que tenho pelo
Carnaval. Ela adorava costurar fantasias e organizava até bloco só de meninas
para brincar nas matinês da Palmarina.
Esse meu
lado festivo e festeiro eu herdei dela, que quando tinha saúde e sempre que
podia não perdia um evento, em União dos Palmares, fosse a festa da padroeira,
Carnaval ou outra qualquer.
Minha tia
era minha segunda mãe e era a quem eu fazia as minhas confidências; aquelas
confissões que eu não tinha coragem de conversar com mamãe. Num dos carnavais
em União, tia Ozória fez uma fantasia de índio muito bonitinha para mim e Rita,
tudo igual.
Ela
costumava nos vestir a rigor e era comum as pessoas nos encontrarem nas ruas
palmarinas vestidas feito 'par de jarro', pois costurava roupas do mesmo modelo
e do mesmo pano para nós duas. Parecíamos irmãs gêmeas eu e Rita.
Mas voltando
à nossa festa querida de Momo, eu não
poderia deixar de relembrar do nosso carnavalesco número 1: Antônio Matias. De
Toinho eu já falei várias vezes em meus escritos e é sempre bom lembrar a sua
animação e alegria.
União dos
Palmares deveria erguer um busto do nosso amigo, em homenagem a sua alegria
contagiante que até hoje anima a todos nós palmarinos. É impressionante o seu
vigor. Bom Carnaval!
Olívia de Cássia – jornalista
http://oliviadecassia.blogspot.com.br/