Qual cidade nas décadas de 70 e
80 não tinha uma porção de cabarés bastante movimentados? Aqui em União não era
diferente. A Rua do Alto do Cruzeiro era o point dos prostíbulos e por onde
desfilavam as mais belas prostitutas do interior alagoano. Na verdade só perdia
para o Mossoró, em Maceió. Mas mesmo
assim, as moças que trabalhavam na distinta casa da capital alagoana, vez por
outras, desembarcavam em terras palmarinas, para o delírio da “macharada”
interiorana, sejam solteiros e principalmente os casados; que deixavam suas
submissas esposas em casa e passavam a frequentar assiduamente as casas da Rua
do Alto do Cruzeiro; reduto da alegria dos frequentadores e até de crimes
passionais.
Neste cenário, a nossa turma
também frequentava o baixo meretrício em busca de diversão. Não necessariamente
de sexo, mas de bebidas e de músicas dançantes e preferencialmente, românticas;
estilo dor de cotovelo; onde embalados por estas melodias, alguns ou quase
todos, viviam a temática musical, bebericando e confessado as suas mágoas às
meninas do Alto. Até futebol nós íamos assistir nos cabarés em companhias das
nossas amigas. Chegávamos com antecedências e já começávamos a dançar e tomar
algumas cervejas, com o som na maior das alturas, na verdade existia uma
competição para ver quem tinha o melhor som das casas noturnas (e diurnas),
pois o movimento só diminuía no período da manhã. Assim que o jogo começava, o som era
desligado e era a vez das garotas ficarem ao nosso lado assistindo ao jogo. Depois da partida terminada o som voltava a
animar o ambiente. A nossa ida a famosa rua, sempre se dava no período da
tarde, na matinê, como nós mesmos chamávamos.
Lembro-me que a Rua do Alto ainda
era de terra batida e que até os esgotos, naquela época, ainda escorriam a céu
aberto. Hoje já rua está calçada e já não existem as casas noturnas, mas ainda
encontramos pessoas remanescentes da época de glória da Rua do Alto do
Cruzeiro, reduto de malando e mulheres da vida e, do ódio e dos ciúmes das mulheres
casadas da nossa cidade.