Por Joaquim Maria
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Roubar da cana a doçura do mel;
Se lambuzar de mel...”Milton Nascimento
Com
a decadência da Indústria Açucareira do nordeste e principalmente no estado de
Alagoas, o êxodo rural e a fome dizimaram os sonhos de muitos trabalhadores
rurais na região.
Ainda
me lembro como era forte o setor açucareiro do nosso estado, o que fazia de
União dos Palmares um grande polo produtor de cana de açúcar, tornando-se a
cidade de maior movimento na região da Zona da Mata alagoana.
Se
esta cultura da cana trouxe desenvolvimento, fui muito ruim para o meio
ambiente e que apesar da diminuição da produção, ainda estamos pagando um preço
muito alto pela derrubadas das nossas matas e com a poluição dos nossos rios,
através dos detritos da lavagem da cana na indústria e do resíduo da destilação
do etanol, o vinhoto. Muitos herbicidas e inseticidas foram jogados na cultura
e no solo, contaminando também o lençol freático.
Mas
apesar de toda essa degradação, guardo na lembrança os verdejantes canaviais
que cobriam a imensidão das terras palmarinas, pois apesar da dificuldade
topográfica, era coberta de várias variedades adequadas para cada tipo de solo
da nossa região, fazendo da adversidade uma aliada no cultivo da cultura.
Na
época da safra era grande o tráfego de caminhões levando a cana cortada para a
Usina Laginha, para ser transformada em açúcar ou álcool. Apesar de a usina ter
várias fazendas produtora, os fornecedores de canas, grandes fazendeiros; eram
parte fundamental para produção canavieira e da sustentação a uma moagem de
qualidade à indústria.
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A cana roxinha é mais mole do que a 3X! Diziam as pessoas que gostavam de chupar a cana que eram trazidas dos
canaviais para a cidade. Eu, como toda a criança da época, apreciava a doçura
daquele fruto. Descascado e cortados em rodelas era consumido com satisfação por
todos, até para servir de complemento à alimentação familiar.
Devido
a grande produção de açúcar, era preciso estocar os sacos em silos da nossa cidade
e esse transporte deixava no trajeto da indústria até o local de armazenagem,
por causa das avarias nos sacos, muitos quilos de açúcar pela estrada, que eram
colhidos pela população para também serem consumidos. Lembro muito bem do
sabor, da cor escura, do cheiro e da quentura do açúcar demerara se derretendo
na minha boca. Era muito gostoso!
Hoje
com a falência da indústria canavieira no estado, fica o gosto amargo do
desemprego de várias pessoas e a incerteza no futuro de suas famílias.