Lembranças do
passado, por Joaquim
Maria
Foto: internet
|
Lá pelos anos 70 do século passado, eu morava na Rua Nova,
numa casa larga e comprida; com um quintal muito grande, divido com os dos
vizinhos por uma cerca de varas e arame.
Neste quintal onde o meu pai criava galinhas, tinha um pé de
pitomba, de poucos galhos, que fazia uma sombra na porta da cozinha e que na
época da safra, dava uma pitomba pequena de pouca polpa, mas doce.
Era no tronco da pitombeira que ficava amarrado o nosso
cachorro, Branch, (leia-se desse jeito mesmo), que fora assim batizado pelo meu pai. Branch era um
cachorro muito forte e de muita força. Seus pelos misturados entre os tons
escuro e castanho claro; eram grossos e brilhantes. Morreu de velhice.
Se não me falha a memória, tínhamos um pé de amêndoas no meio
e no final do quintal, alguns pés de cana caiana. À beira da cerca, vários pés
de amora se enroscavam nas varas e nos arames.
Na época nós dormíamos cedo e acordávamos muito cedo também.
E era assim, juntos com o nascer do sol; que eu e minhas irmãs íamos para o
fundo do quintal colher as amoras pretas e doces, ainda orvalhadas.
No período do inverno, que era bem definido, as amoras
cresciam mais viçosas e suculentas, necessitando coloca-las num recipiente,
para não sujar os nossos pijamas de mangas compridas feitos de flanela. As
amoras eram consumidas antes de a nossa mãe colocar o café da manhã; geralmente
cuscuz feito do milho ralado por ela, com o leite de gado fresquinho que teria
sido comprado nas primeiras horas do dia.
Depois era só nos aprontar para ir à escola. Não faltava a
comparação de qual boca estava mais vermelha, na hora de escovar os dentes.
Isto era rotineiro. Todos os dias tinha
colheita de amoras, no fundo do quintal da nossa casa.
Joaquim Maria