Lembranças do Passado, por Joaquim Maria
As feiras livres do interior é o lugar onde se comercializa
praticamente de tudo. Mas antigamente, além da comercialização de produtos, as
feiras serviam para a apresentação dos artistas populares, que andavam pela
região, executando as mais diversas formas de expressão de cultural.
O meu interesse pela cultura popular, vem justamente das
feiras; porque quando eu era criança, aqui em União dos Palmares, andava a
procura destas apresentações e; sempre que encontrava um artista, parava e
ficava admirando a sua performance.
Você já sabia que tinha alguma apresentação, pois logo se
formava uma aglomeração de pessoas para assistir ao desempenho dos artistas. Na
realidade, não havia um local reservado para os shows, em qualquer lugar da
feira, em meio a roupas, frutas ou legumes, ali estava alguém se apresentando.
Naturalmente o que mais me atraia eram as rimas feitas pelos
violeiros, os versos lidos no folheto de Literatura de Cordel, a rapidez no
pensamento ritmado dos cantadores do coco de embolada e claro, o “tarrabufado” da sanfona, com a zabumba e
o triangulo, do trio de forró pé de serra.
A maioria dos trios de forró era daqui mesmo. Eu passei muito
tempo acompanhando, na porta do mercado de carne, a exibição de Minhoca e Edvaldo
(Ceguinho), dois dos mais exímios executores do instrumento mais nordestino de
todos: A sanfona. Tendo a companhia de “Seo” José (pai do Ceguinho) Nilson
Rôla, Carlinhos Varize e Mário Carniça que se revezavam na zabumba e/ou no
triangulo.
Hoje ando pela feira e não vejo mais os sons harmoniosos extraídos
das sanfonas, nem os versos metrificados da literatura de cordel, nem o choro
lamentoso das violas e nem o trava-língua dos emboladores com seus pandeiros.
Por este motivo, as feiras atualmente ficaram muito mais tristes.