Por Joaquim Maria
Quando assumiram o
poder em 1964, os militares para restringir as articulações políticas da oposição,
extinguiram o pluripartidarismo, em 1965, pelo ATO INSTITUCIONAL NÚMERO DOIS e
ATO COMPLEMENTAR NÚMERO QUATRO, estabelecendo o Bipartidarismo no Brasil,
deixando os outros partidos na ilegalidade,
Foi então que
surgiram a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático
Brasileiro), partidos que definiam a situação e a oposição.
Em União, como em
outras cidades; esses dois partidos eram muito bem divididos. A Arena tinha a
mão forte dos militares e a subserviência dos seus filiados em troca dos
benefícios do poder. Enquanto o MDB era determinado pelos inconformados com o
poderio da situação. Os oposicionistas.
Na nossa cidade esta
situação dividia amigos e familiares, numa guerra política desastrosa e
inconsequente.
Na minha infância,
ficou bastante evidente esta divisão através das famílias Gomes de Barros na
ARENA e os Vergeti no MDB. Isto era uma loucura! Esses Grupos faziam com que a
população se dividisse e se enfrentassem no campo das discussões políticas e
até no braço mesmo. Na verdade este vínculo com as famílias eram tão fortes que
sobrepunha à questão ideológica.
A questão social
ficava prejudicada por esta divisão, pois a separação da sociedade palmarina
era explicita, ou seja; que estava em um lado não poderia se relacionar com o
outro. As amizades e até os casamentos, era de bom gosto se fosse entre os
partidários. Quem não era do mesmo partido era chamado de “CARA PRETA”.
No período das
campanhas políticas era um inferno, as pessoas se tornavam inimigas. Os carros
de sons que anunciavam os comícios e que vendiam o “peixe” do seu partido
convidavam os correligionários para uma noite de promessas, que geralmente
nunca eram cumpridas. Os comícios era o termômetro das campanhas. A quantidade
de pessoas nos comícios demostrava a força e a capacidade de aglutinação e de
mobilização, dos candidatos e do partido.O comício virava um grande
acontecimento. Geralmente o palanque era um caminhão, que ficava carregado de
gente; com alguns autofalantes amarrados em caibros, para o som alcançar a
maior distância possível e o eleitor pudesse ouvir as promessas dos
candidatos.
Durante o dia era
uma verdadeira agonia para a população. A poluição sonora era terrível e com
músicas mal arranjadas e de péssima qualidade. Em uma rua passava um carro de
som com a música:“É Mano, é Mano, é Mono;é Mano simsenhor...”; na
outra:“Afrânio Vergeti, candidato a prefeito, vote nele eleitor; dessa vez
União toma jeito”;eles passaram pela prefeitura de União e até agora a nossa
cidade continua sem jeito.
Hoje com a
pluralidade partidária, na nossa cidade, ainda tem gente que nunca deixou de
acompanhar seus candidatos, em troca de empregos ou benefícios destes, quando
eles chegarem ao poder. Agora a troca de partido virou moda. Todos os políticos
estão arrumando em jeitinho de levar vantagem com a troca partidária.
Em União, saíram “Os
Caras Pretas” e hoje, a grande maioria dos políticos da nossa cidade são “Caras
Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem formação política, sem compromisso e SEM
VERGONHA NA CARA.