A comemoração do bicentenário da independência de Alagoas
é de grande importância em um Estado da federação que, apesar de penúltimo em
dimensões físicas, possui marcante contribuição cultural, artística, política
ao País.
Em seu itinerário mostrou-se capaz de afirmar-se na
permanência das tradições, aliada às renovações, apesar das diferenças
econômicas e sociais abissais, herdadas ao longo dos tempos.
E que continuam a exigir desafios de superações por uma
economia mais desenvolvida, sustentável, diversificada, junto às vicissitudes
de crescimento econômico da região nordestina em relação ao Sul, Sudeste do
País, além da atual recessão que atinge a nação, consequência de uma política
econômica subordinada aos ditames do Mercado financeiro.
Alagoas sempre caracterizou-se pela firmeza na defesa da
unidade nacional. É esse o seu maior legado ao longo da História do Brasil,
marca de protagonista em tempos decisivos da nossa pátria.
A contribuição de Alagoas no âmbito nacional é
desproporcional à sua dimensão territorial e continua causando em áreas
intelectuais, acadêmicas, visões maniqueístas numa interpretação vulgar da
História brasileira.
Além de análises distorcidas da sinuosa formação,
consolidação de um País que mantém, apesar de vários conflitos separatistas,
das tentativas em desconstruí-lo política, social, fisicamente, a inteireza
continental, o protagonismo geopolítico global. Como o atual governo Temer,
subproduto primário do Mercado financeiro, messianismos corporativos,
interesses geopolíticos internacionais escancarados.
Alagoas legou ao Brasil Floriano Peixoto, consolidador da
República, personalidades públicas, ministros, intelectuais militantes como
Otávio Brandão, músicos populares, eruditos como Hekel Tavares, grandes
mulheres como Nise da Silveira, poetas como Jorge de Lima, Graciliano Ramos
genial escritor regional-universal, marca de sobriedade, aversão a bairrismos e
rigor realista que definiu a alma do alagoano, o nordestino. E tantos mais.
A comemoração pelo governo do Estado dos 200 anos de
Alagoas, em uma época que nega o contínuo Histórico às novas gerações é
iniciativa louvável, com jovens artistas, música clássica, grupos de tradições
populares, debates etc. Como disse Tolstoi, se queres ser universal, começa a
pintar a tua aldeia.
Eduardo Bonfim