Por Candice Almeida
Abate, chateia,
entristece e cansa… A cada eleição geral o saldo é debitado na conta do
Nordeste, como se aqui estivessem as pessoas mais perversas de todo o país.
Como é possível tanta insensibilidade, tanto ódio e tanta hipocrisia?
Não quero
generalizar, claro. Mas é difícil manter-se inatingível diante de tanto veneno
destilado direta ou indiretamente. Falo sim de todas as manifestações nas redes
sociais, mas também falo de alagoanos que encontro e que acham graça em repetir
“tem chovido tanto para não faltar capim em Alagoas”.
Ora, como esperar
respeito de outros estados, se nem o próprio alagoano se respeita?
É verdade que
ostentamos péssimos índices na educação, que muitos alagoanos são analfabetos e
não foram ensinados a pensar na coletividade, e mesmo que tivessem sido não
deixariam de pensar na própria barriga. Muitos alagoanos, em especial os que
não foram educados adequadamente, não podem ser cobrados por suas escolhas
erradas. Devemos cobrar daqueles que pensam que tiveram uma educação adequada,
mas fazem suas escolhas pautadas em favores e benefícios pessoais, seja dele
mesmo ou de algum conhecido.
Entendo que estando
em Maceió muitos não compreendam a realidade do povo pobre que vive longe da
capital e sua necessidade por tudo, desde água e comida, até saúde e educação,
faltando muitas vezes até a própria dignidade. E por entender o sofrimento de
muita gente, que a sociedade só lembra que existe quando faz suas escolhas
pensando na própria fome, as “escolhas erradas”, é que jamais poderei conceber
a generalização de chamar o alagoano de burro.
Não, ele não é burro
e nem se alimenta de capim. Antes fosse, assim não venderia “seu valor” – o
voto – nas eleições. Burros são os outros, os que têm boas opções, os que se
candidatam, os que conseguem mandato, a população politicamente esclarecida,
estes sim, estes assumem-se como asnos. Se fossem tão espertos cumpririam seu
papel.
Os que têm boas
opções não votariam em palhaços e subcelebridades para protestar contra o
sistema que os rege, oportunizando a políticos corruptos conseguirem o
“coeficiente eleitoral” necessário para serem eleitos; o político agiria com
hombridade, respeito e dedicação, produziria leis que amparassem os ignorantes;
a população esclarecida dedicar-se-ia a fiscalizar a atuação de seus
representantes, pensando mais no coletivo e menos em si próprio.
Se cada um fizesse a
sua parte, não haveria gente para ser chamada de burra!
Mas é muito
conveniente por a culpa nos outros, no nordestino, no alagoano. Quando vamos
parar de por a culpa nos outros e lutar para que todos sejam iguais, para que
todos tenham suas necessidades básicas à saúde, à educação e ao trabalho
atendidas, para que pensem por si, para que decidam sem o peso da fome e da
miséria?
Neste dia, caro
leitor, as escolhas de todos poderão ser julgadas com justiça e sem
preconceito.
Ao brasileiro e
alagoano preconceituoso, desejo vergonha na cara, para se respeitar e se fazer
respeitado!!!