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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A lavadeira Maria Rosa e a Rua da Ponte

 Por José Marcelo Pereira


Antiga Rua da Ponte 

Nos anos 1960, na Rua Demócrito Gracindo, conhecida como Rua da Ponte, viviam a lavadeira Maria Rosa e sua família. Nessa época, o Brasil passou a viver os chamados anos de chumbo, com impedimentos das liberdades. Mas Maria Rosa e os seus desconheciam o que se passava no País, assim como a maioria da população.

Eles seguiam sua rotina, sem tomar conhecimento de assuntos complicados, além daqueles do seu dia a dia.. As notícias sobre as ações dos militares como as prisões e tortura não eram divulgadas até então, pelo menos para maioria daqueles moradores, trabalhadores ou desafortunados diversos. O País passou por grandes transformações, como a revolução cultural, a participação popular em questões sociais e políticas e o Aprofundamento do processo de industrialização. No interior, o trabalho rural continuava a ser realizado com engenhos que moviam culturas como o a cana de açúcar, milho e o algodão. A moeda era o Cruzeiro (1942-1967); depois Cruzeiro novo (1967-1970).

A década de 60 foi marcada por acontecimentos políticos e sociais turbulentos, como a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961, assumindo João Goulart, ou Jango, como era conhecido, empossado na presidência da República, em 7 de setembro do mesmo ano.  Além disso, teve a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional que instaurou o regime parlamentarista de governo; fechamento do Congresso; muitas mudanças de governo; subversão armada; luta estudantil; guerrilha e tortura. No cenário cultural, a década foi marcada pelo surgimento do Tropicalismo e da Jovem Guarda; a popularização do Rock and Roll e valorização do estilo individual; os jovens defendendo o seu estilo de vida e de se vestir.

No final da década, em 1969, aconteceu um grande festival que revolucionaria os costumes. O festival de woodstock, que  foi um evento musical que aconteceu entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, na fazenda de Max Yasgur, em Bethel, Nova York, nos Estados Unidos e foi um marco da contracultura e da música da década.  (*).

***

A lavadeira Maria Rosa era religiosa, devota de Santa Maria Madalena; ia todos os domingos à missa, e desconhecia qualquer informação que não fosse do seu dia a dia e se concentrava na família e no seu trabalho, para sustentar a família. Morava próximo à fábrica de doces, no final da Rua da Ponte, alheia ao que se passava no País e no mundo. Sabia apenas o que conversava com as amigas, quando estava lavando roupas ou fazendo outra tarefa do dia, como lavar pratos e tomar banho de rio.

Maria Rossa dava duro para colocar comida na mesa, visto que o marido, José da Rosa, como era conhecido o mancebo, não tinha emprego fixo e vivia de pequenos biscates, quando aparecia. Tinha uma vida de mistérios. A mulher lavava e passava para várias famílias na terra da liberdade. Passava as roupas com ferro de brasa, quando sequer tinha água encanada na Rua da Ponte e os eletrodomésticos eram raros ou não existiam para as populações pouco ou nada assistidas. Àquela época o Mundaú não tinha um alto grau de poluição, como nos dias de hoje. Quando terminava de passar e dobrar cada trouxa de roupa, ela ia fazer entrega com a filha mais velha, Rosa Maria. 

Analfabeta, décima filha de pais pretos, nasceu no povoado quilombola Muquém, cuja população sobrevive até os dias atuais da venda de peças feitas do barro e agora da preservação da cultura negra. Panelas potes, quartinhas, frigideiras, moringas e tudo o que eles produziam e produzem nos dias atuais são vendidos na feira livre de União dos Palmares, aos sábados. A maioria do trabalho feito por mulheres. 

José da Rosa e Maria Rosa se conheceram na festa da Rua da Ponte, que era uma atração para os moradores, com seus barquinhos verdes, puxados por corda, até chegarem às alturas. Na festa, a animação ficava por conta das quermesses, pescarias e iguarias como carne assada, cachorro quente e maçã do amor, que faziam a animação dos moradores. Além disso, músicas românticas, por meio de alto falante corneta e bebidas.

Quando tinha festa, fosse na Rua da Ponte ou na Rua do Jatobá, do outro lado do rio, homens saiam pelas ruas com a imagem da santa, ou do santo padroeiro, durante o dia, jogando um pano branco no ombro, tocando pífano e zabumba, pedindo contribuição aos devotos que quisessem ajudar. assim se dava nas festas do interior mais longínquo do País e em União dos Palmares, em Alagoas, não era diferente e muitos bairros adotavam as festas de rua, com seu santo padroeiro.

Maria Rosa e José da Rosa, começaram a namorar e foi tudo muito rápido, até irem morar junto, mas não casaram no padre ou no cartório. Viviam, popularmente falando, amasiados. E ela não se ligava muito a essas tradições e burocracias da sociedade dominante. Tiveram quatro filhos, todos nasceram de parto normal: Rosa Maria, Maria José, Maria Quitéria e José Joaquim, o Quinzinho, que não cansava de dar preocupação para Maria Rosa, por causa das suas traquinagens.

A mãe lhe dava conselhos e temia pelo seu futuro, e quando José chegava em casa à noite, pedia que o marido conversasse com Quinzinho, mostrando-lhe os perigos do mundo. O marido, por sua vez, achava ser tudo exagero da mulher e não tomava nenhuma atitude.

Tentava uma conversa franca e aberta com seu marido sobre suas preocupações e expectativas em relação ao relacionamento e o com comportamento do filho, mas de nada adiantava. Na realidade, José não queria se envolver com nada que dissesse respeito a sua casa e a mulher estranhava aquele comportamento.

Achava esquisito aquele modo de agir de José, mas ela silenciava, para não comprar brigas maiores.  No entanto, alguma coisa estava fora de ordem, pensava. Maria Rosa, em momentos de aflição, pedia proteção para os filhos:

“Meu Senhor e meu Deus, proteja minha família de todos os males do mundo. Minha santinha, Maria Madalena, intercede junto ao Senhor Jesus Cristo, para que nada de ruim aconteça com meus filhos. Amém”.

Num dia da sua rotina diária e   conversando com as amigas; colocando suas preocupações, uma delas sugeriu que falasse com a esposa do prefeito, dona Constância Madalena, para quem Maria Rosa lavava roupa e engomava, solicitando que a mulher arrumasse um colégio interno para o filho.

O menino era muito sabido, inteligente, mas chegou na adolescência dando muito trabalho para Maria Rosa. Ele via a situação da mãe na labuta, era revoltado com o pai, José da Rosa, que não era de agrados, nem com os filhos, nem com a mulher. Era sisudo e misterioso, além de conservador e um tanto quanto ignorante com todos em casa, e Maria Rosa evitava discutir com ele, se fechando “em copas”, quando devia questioná-lo.

Rosa Maria, a filha mais velha, se atrasara nos estudos e fazia o Mobral, com a professora Josete Maria, com quem aprendeu as primeiras letras, na Escolinha do Bangu, que décadas depois foi levada por uma das enchentes, acontecida em 1989. O Mobral era o antigo programa de alfabetização do governo, que anos depois foi substituído pelo EJA – Educação de Jovens e Adultos, criado para quem se atrasou nos[O1]  estudos.

Rosa Maria estudava à noite, visto que durante o dia, quando não estava ajudando a mãe na lida doméstica e com as roupas das clientes, aproveitava para aprender a trabalhar com o barro, com os fazedores de panelas da Rua da Ponte. Queria sair de casa, casar e constituir família, mas não achava tempo para sair com amigas e conhecer rapazes, já que vivia para ajudar a mãe a criar os irmãos, aprender a lidar com o barro e tentar se adiantar nos estudos. E ela cumpria sua sina, andando pelas ruas e becos da cidade, entregando as roupas lavadas, com muito cuidado.

Era uma tradição no interior de Alagoas, assim como em outros estados do país o exercício de lavar roupa à beira dos rios e nos açudes quando estavam cheios, às primeiras horas do dia ou do fim da tarde.  As mulheres usavam pedras ou tábuas como se fossem a parte do tanque e que serviam para esfregar e bater as peças usadas no dia a dia e também roupas de cama, mesa e banho.

E para muitas dessas mulheres, lavar roupa era também uma profissão, mesmo em condições, muitas vezes precárias. Era dali que saia o dinheiro que ajudava a manter as contas em dia, comprar o alimento e tudo mais que era necessário para educar os filhos. Com a poluição dos rios, açudes e lagoas, a chegada de água nas casas, avanço das tecnologias, essa atividade foi acabando, ficando restrita em alguns povoados longínquos.

O escritor alagoano Graciliano Ramos, na obra Linhas Tortas (1962) disse que: “O ofício de escrever deveria ser realizado com o mesmo rigor que as lavadeiras de Alagoas fazem o seu trabalho: elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes”.

***

As dificuldades para os moradores da Rua da Ponte, principalmente para as donas de casa, eram enormes. Da mesma forma que não havia água encanada e nem para beber, nos anos 60, a maioria da gente da Demócrito Gracindo e das proximidades se valiam das cacimbas das fazendas, para obterem água limpa para beber. Era comum a romaria de mulheres e crianças com latas d’água na cabeça, até o local da cacimba e vice-versa. Quando chegavam em casa, colocavam um pano limpo na boca do pote ou de outro recipiente, para que aquela água fosse coada e pudesse ser consumida.

A Rua da Ponte chegou a ter uma fábrica de doces, próxima a casa da família de Maria Rosa. Alguns moradores do município, eram empregados da fábrica, que depois veio a falir e fechou, deixando alguns trabalhadores desempregados, pois a opção de emprego na cidade era escassa naquele tempo. O prédio ficou em ruínas, até que a enchente de 2010 levou tudo. Nos fundos da Fábrica de doces, a gente da rua também aproveitava para tirar o barro, para fazer panelas, quando a lagoa, braço do Rio Mundaú, estava seca.

Já os moradores dos sítios e dos povoados, depois que vendiam os produtos, na feira livre, iam fazer as compras semanais e de mês nas mercearias do lado de baixo da cidade. Alguns adolescentes de União tiveram seus primeiros empregos despachando e ajudando nas mercearias, de União dos Palmares.

Maria Rosa também fazia as compras do mês em uma mercearia, no começo da Rua da Ponte; comprava fiado e pagava quando recebia das clientes. Era assim que funcionava esse tipo de comércio: a maioria na confiança de quem vendia, que anotava tudo em um caderno ou caderneta. Na Rua da Ponte também tinha nessa época uma fábrica rústica de colchão de capim, do “seu” Francisco, um armazém de compras e vendas de cereais, de João Jonas (nosso pai, que também tinha bodega, como ele chamava), um hotel do sr. José Otacílio (Zeca), quando a entrada principal de União dos Palmares acontecia naquela região, e os viajantes transitavam pela ponte rústica de madeira, desativada pelas enchentes, no povoado Cabeça de Porco.

Além disso, mulheres idosas que benziam a pessoa, ou algum animal doméstico de algum mal. O bar do sr. Antônio Timóteo e do Lourão; o alambique do sr Orlando Baia, que fabricava vinagre, Cajuvita e cachaça; a oficina mecânica do sr. Abdon Copertino e também paragem de ônibus para Garanhuns, local de espera para Mundaú Mirim, como era denominada a hoje cidade Santana do Mundaú.

Todo esse aparato movimentava a economia local. A Rua da Ponte sempre foi uma das mais importantes e queridas ruas da região, pela sua importância, para o desenvolvimento do município, pois o movimento de ônibus e carros que abasteciam o mercado interno era sempre por ali.

 


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O único título




A narrativa de Lucas, demasiadamente conhecida, é impressionante. O filho, que pedira antecipação da herança, dissipou tudo, ficou sem nada, resolveu voltar e o pai deu um banquete por esse regresso, enfrentando a cólera do irmão mais velho, que havia ficado todo o tempo com ele e nunca tivera festa igual.

Pensemos no filho pródigo não no final de sua desventura, quando voltou, e foi abraçado pelo pai, apesar das censuras do irmão. Pensemos nele enquanto estava longe. Quando usou a herança e a dissipou entre as vaidades do mundo e caiu na miséria, na tristeza e na solidão. Como se sentia ele, no íntimo, quando estava no fundo do poço? O que pensava, como a si mesmo se via?

Lá está ele, longe de tudo, longe de casa, longe da segurança e da fartura da família, longe do aconchego. O que ele tem? Não tem mais nada, gastou tudo, estragou, dissipou, desperdiçou. Só lhe restam lembranças. De fato, ele só tem a consciência de que é filho do pai. É seu único bem, seu único título, seu único valor. Não tem boas ações a exibir, não tem vitórias, êxitos, glórias a mostrar. Não tem mais patrimônio, não tem bens, não tem nada. A única coisa que tem é a certeza de que é filho. Pode ser que o pai não o receba, não o reconheça, não reconstitua sua posição – e ele, de fato, não merece. E, sinceramente, nem imagina isso, não sonha com isso. Quer, regressando, ficar apenas como empregado na casa do pai, e isso não estará errado – está na linha do que ele veio aprontando, e ele está conformado com esse destino. 

Ao decidir voltar, não pode ter certeza de nada, nenhuma esperança. Não pode esperar ser bem acolhido, não se pode imaginar de novo no velho convívio. Apenas volta – e volta mais do que humilde, volta humilhado. Volta envergonhado, volta despedaçado. Muito mais do que arrependido, volta arrasado, destroçado, aniquilado. Mas volta porque é filho, embora confesse sinceramente saber que “já não sou digno de ser chamado teu filho”; dentro de si mesmo, está reconhecendo: “teu filho que não merece nada, não merece teu perdão, nem tua generosidade, nem tua acolhida, nem sequer teu nome”. Pede para ser tratado apenas como um empregado do pai, um dos mercenários dele.

No fundo, o único título que ele tem é o de ser filho daquele pai. É por isto que pede para ficar como empregado, não por conta de sua competência ou de suas habilidades. É por conta de sua condição de filho que pede o emprego. No fim de contas, é assim que se apresenta, com este único título. E o que não diz, mas está subentendido, é que, como filho, ama o pai.

E o pai – contra talvez a justiça, contra talvez a boa ordem, contra talvez a correta retribuição das coisas (como o filho fiel, o mais velho, dirá, reclamando) – o abraça, não apenas porque é generoso mas porque está sumamente feliz. E os dois intensamente choram. Choram de dor e de felicidade.

(Pode ser que este seja o único título com que muitos de nós nos apresentaremos um dia diante d'Ele: o de sermos seus filhos).

*      José Luiz Delgado
*      Fonte: Diário de Pernambuco


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Em quem você votou?

O ciclo não acaba após o voto, está apenas começando.

 


Este ano, em União dos Palmares tivemos a campanha eleitoral mais pobre da história, no tocante as propostas e projeto de governo dos candidatos. A situação não prestou conta do mandato, a oposição não explorou esse fato, nem apresentou um projeto de mudança capaz de convencer os eleitores. Pela primeira vez na minha vida, saii de casa sem saber em quem votar, votei com a razão, mas decepcionado com meu próprio voto, até pensei em votar nulo.

 

Agora é hora de acompanhar as ações dos parlamentares e prefeito, infelizmente a maioria dos eleitores votam por paixão ou escravidão, e esquecem em quem votou, não cobram os projetos dos candidatos eleitos. Uns por falta de conhecimento ou interesse, outros porque venderam o voto, perdendo o respeito e o moral, talvez seja motivo de vergonha cobrar ações de voto vendido.

 

O voto deveria ser livre, consciente e responsável! Mas virou moeda de troca, nesse jogo sujo, “ganha” quem tem maior poder aquisitivo para comprar e escravizar o povo da terra da liberdade. É desse jeito. Como dizia a turma do “movimento camisinha”, É lamentável!

 

 

 

domingo, 29 de setembro de 2024

DE DOMINGO AGORA A OITO É DIA DE ELEIÇÃO



Politicagem - Tire seu político do caminho - De domingo agora a oito
Jessier Quirino

A tal da politicagem?
É o acento circunflexo da palavrinha cocô
É feito brigar com um gambá
Pois mesmo o cabra ganhando
Sai arranhado e fedendo
É dirigir dando ré
O cabra tem três espelhos 
E ainda olha pra trás
E pode prestar atenção:
Na boca do candidato é o mesmo Mané Luis
Trabalho, honestidade
Trabalho, honestidade
Por quê?
Porque o povo gosta de mentira!
Seu Manezinho Boleiro
Suplente de merda viva
Foi dar uma de sincero
Dizendo o que pretendia
Trabalhar de terça à quinta
E roubar só o normal
Teve uma queda de votação tão pra baixo
Que até hoje ainda é suplente
Taí, fila da puta!

Tire seu político do caminho
Que eu quero passar com o eleitor
Hoje, pra esses peste eu sou Chiquinho
Fí de Seu Chico aboiador
Mas amanhã sou Chico véi que não dá trégua
Assim, táqui pra tu, fí duma égua

De domingo agora a oito
É dia de eleição
É dia do pleiteante
Do fundo do coração
Perguntar: o que desejas?
A quem tem de louça um caco
De terra só tem nas unhas
E mora de inquilino
Numa casa de botão
De domingo agora a oito
É dia "arreganha-cofre"
É de ajudar os que sofrem
É dia do estende a mão
E se agarrar com farrapos
De mastigar vinte sapos
E não ter indigestão
É dia de expor na fala
Que bem conhece o riscado
Ninguém come mais insosso
Ninguém bebe mais salgado
De domingo agora a oito
Não relampeja e nem chove
É o dia que nos comove
É o grande dia "D"
Agora, o dia "fuD"
Vai ser de domingo à nove
Composição: Jessier Quirino

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Não xinguem a menina, ela não tem culpa.

Sergio Rogério    Foto: BR 104

Quem me conhece sabe que sou entusiasta e defensor da presença de uma jovem, negra, pobre, mulher ocupando um lugar de destaque na política, tanto é que apoiei (saibam ou lembrem) Marciângela em 2008 para prefeita de União dos Palmares e ela preenchia os mesmos pré-requisitos, mulher, negra, jovem, de família não política e nem por isso em 2008 houve o mesmo aplauso de quem aplaude Samires hoje, pelo fato daquela não ter sido indicada por um padrinho político. Não sou entusiasta dos motivos que, para mim, levaram a vice a este lugar.

 

A escolha, bem sabemos, fugiu a todas as expectativas. Da oposição à situação, de quem não está nem aí para eleições e de quem gosta de se envolver. Antes era Almir, trabalhou bem (marketing) para que o nome engajasse. Com a “queda” foi a oportunidade de ouro para Kil escalar alguém que não tivesse o traquejo político; qualquer vereador, qualquer secretário saberia o caminho para crescer e o atual prefeito precisa de alguém que fique ali, onde ele disser, pronta para continuar no mesmo lugar ou voltar para onde veio.

 

A câmara tentou e tentou, mas falta nela alguém a estilo de Bobo e Fabian que ameaçam e vão, foi assim em 2012. Inclusive Bobo até hoje não aceita Kil ter sido o sucessor de Zé Pedrosa, porque ele não era do grupo original. Sim, assim como Samires, Kil precisou de padrinhos, João Lyra a princípio. Sem padrinhos Areski até tentou, mas não se elegeu no final da década de 80, início dos anos 90 (não recordo bem, eu era criança).

 

Um fato interessante é que Junior será, caso ganhe, prefeito sem reeleição, porque sua possível  vitória já será uma reeleição, Kil fez o mesmo que Zé Pedrosa fez com ele quando era vice, viajou e ele assumiu por uma semana, caracterizando um mandato. Zé forrou a cama para voltar em 2012, mas faleceu e deixou o caminho para outro, tentou-se com Mano, mas segundo dizem, Kil atrapalhou e sabemos o porquê (caso seja verdade) para voltar em 2016, e voltou. Deu certo.

Assim, a escolha de Samires é uma jogada de mestre, aplaudamos o prefeito. Vamos aos motivos: quem criticar será tachado de racista, misógino, preconceituoso, mas ela não foi escolhida por esses predicativos de ser mulher, negra, jovem, de família humilde, ela foi escolhida porque não atrapalhará o retorno de Kil à prefeitura em 2028 caso não vire Secretário de Educação como setores da imprensa divulgaram e/ou posteriormente Deputado, já conhecemos esse caminho. E ele ganhando o caminho está aberto para quem sabe Gabriela e talvez, muito talvez Samires continue vice, Almir voltará com vontade, outros vereadores, idem; estão “trabalhando” para isso.

Finalizo dizendo que sou tendencioso a votar nesta coligação, mas o fato de votar, não quer dizer que não perceba e não aponte essa e outras manobras, posso votar neles também porque não voto em branco, nem nulo e municipalizo as eleições nacionais e nacionalizo as eleições municipais, não desperdiçaria meu voto apostando no bolsonarismo palmarino, e digo, não é por conta de Bruno Lopes, e sim por quem (alguns) que o rodeiam.

Portanto, acredito que Samires terá um futuro político, caso tenha a mesma “sorte” que Kil teve em 2008.

Prof. Sergio Rogério.

domingo, 22 de setembro de 2024

A Escravidão na Terra de Zumbi

Escravidão Moderna

União dos Palmares, terra da liberdade! Terra do herói negro Zumbi dos Palmares. Terra que deveria ser sinônimo e exemplo de luta e resistência aos desmandos dos senhores feudais, antigos e novos,  que de forma proposital, ainda tentam se perpetuar no poder em pleno século XXI, ainda convive com a escravidão quase total do seu povo.

O período de escravidão passou, mas parte da população não acordou para isso, vivem atrelados a quem detém o poder político e econômico; geralmente são pessoas que não têm disposição para o trabalho, que entraram numa “zona de conforto”, sendo subservientes, aos políticos assistencialistas, fazendo uso do puxa-saquismo como meio de vida e, portanto continuam sendo escravos da manutenção do poder.

Fazem parte do jogo, os contratos de trabalhos para o fortalecimento da base política. Isto é de conhecimento público. São centenas de contratos cedidos a parentes e amigos, quem está desempregado não vai recusar a oferta de emprego, é o mesmo que oferecer comida a quem está com fome, ou saúde a doente.  Assim toda família do contratado fica despojada de pudor e impregnada pelo sentimento de gratidão com o gestor e com quem o indicou. E para manter-se no cargo, necessariamente não poderá ir de encontro às posições política da gestão onde se encontra inserida. 

É perceptível a mudança de comportamento das pessoas que outrora era oposição e agora é governo. Diferente de quem é aprovado em concurso público, pois tem sua independência política, se não tem deveria ter,  não deve sua cabeça a ninguém, pode questionar e exigir melhorias. Assim, de forma indireta e inconsciente o povo tem sido escravizado politicamente e por que não dizer, em todos os sentidos.

Quem acredita na liberdade, proposta por Zumbi e na emancipação do povo ao modelo de gestão atual é sumariamente definido como oposicionista, comunista, e como tal é abominado pelo poder.

Uma coisa é certa, não temos mais Zumbi, mas temos seu exemplo de luta, coragem e determinação, que se vivo também estaria hoje lutando por concurso público, educação de qualidade, transporte gratuito para os estudantes, saúde, lazer, emprego e renda, além de transparência nos gastos do governo, no erário público.  

É hora de mudar essa história, precisamos ficar atento e cobrarmos  politicas públicas igualitárias para todos, sem distinção. E preciso escolher um candidato, mas se eleito não podemos fechar os olhos para os vícios e maus costumes e os "jeitinhos". Não se deixe escravizar! 
PENSE NISSO.

Professor Nivaldo Marinho.Com